A quinta-feira iniciou com chuva torrencial. Como era feriado, a vinícola Aurora tinha programado uma visitação diferenciada, de duas horas de duração, com um mini curso de degustação ao final. Um detalhe interessante é que era sem custo algum. Fiz o agendamento quando estava montando o roteiro e, como a Aurora está localizada no Centro de Bento Gonçalves, próxima ao hotel, contratamos um motorista, através da agência de turismo que funciona no saguão do próprio hotel, para nos levar na parte da tarde a Pinto Bandeira. A própria agência cuidou do agendamento nas vinícolas.
Saímos debaixo de um temporal para o nosso compromisso na Aurora. Como sempre, chegamos mais cedo e, rapidamente, fomos recepcionados pelo enólogo Willian e conduzidos a uma sala de palestras, para assistir a um vídeo sobre a vinícola e a criação da cooperativa, enquanto aguardávamos os demais participantes. Para a nossa surpresa, por causa da chuva forte, apenas mais uma pessoa compareceu e a nossa visitação foi quase exclusiva.
Willian nos apresentou a vinícola, as áreas de produção com seus grandes tanques de aço inox, as caves subterrâneas com as suas barricas de carvalho e milhares de garrafas com o líquido precioso em maturação, nos contou mais um pouco da história da criação da cooperativa, da entrada de novos viticultores e do seu crescimento.
Depois nos levou a uma sala de degustação muito organizada, com mesas para acomodar umas 40 pessoas e cuspideiras individuais. Em cada mesa tinham fichas de análise sensorial e um livreto com informações básicas sobre as principais castas e tipos de vinhos. Era o nosso material de estudo que foi levado pra casa junto com um certificado de participação. O mini curso foi rápido mas bem interessante, com informações claras para os iniciantes. Willian deixou todos muito a vontade para fazer perguntas e, na hora da degustação, nos deu opções para que pudéssemos escolher os vinhos que queríamos degustar.
Foram degustados cinco vinhos sendo um branco, um rosé, dois tintos e um espumante. Iniciamos pelo varietal branco Aurora Reserva Chardonnay 2015, envelhecido três meses em barricas de carvalho francês e americano de primeiro uso, com aromas de abacaxi, frutas de caroço, maçã verde e notas de baunilha. Um bom vinho branco com corpo médio e boa acidez.
O segundo vinho foi o Aurora Reserva Merlot Rosé 2017. Esse me surpreendeu pela qualidade. Vinificado através de prensagem direta, possui uma coloração rosa bem suave e aromas intensos de rosas, morangos e framboesas. Muito leve, suave e fresco.
Seguimos para os tintos. O primeiro deles foi um pedido meu que sou uma apaixonada por Cabernet Franc. Eu e Willian tivemos uma discussão muito interessante sobre a ótima adaptação da CF ao terroir da região e sobre o fato da Merlot ser considerada a uva emblemática do Brasil. Confesso que sempre discordei disso, sempre achei que os produtores nacionais deviam investir mais na Cabernet Franc. Mas, depois de degustar tantos rótulos de Merlot durante a viagem, tão bem elaborados, percebo que ela tem o seu mérito. Esse assunto pode servir de tema em um futuro artigo pois não é o nosso objetivo neste momento. O Pequenas Partilhas Cabernet Franc 2014 não decepcionou. Poderoso,com aromas de madeira tostada, chocolate amargo e couro, tem corpo médio, ótima acidez e taninos macios. Gastronômico e com muita personalidade.
O próximo tinto foi o Millesimé Cabernet Sauvignon 2012, considerado o vinho ícone da vinícola e produzido apenas em safras excepcionais. A de 2012 foi a última produzida. Poderoso, potente e encorpado, com aromas de madeira tostada, cacau, tabaco, couro e ameixas negras, possui ótima acidez e taninos firmes. Realmente, um grande vinho!
Brindamos o final da nossa degustação com o Procedências Chardonnay, espumante elaborado pelo método Charmat, muito leve, com acidez refrescante e aromas cítricos e de frutas brancas.
A visita foi muito interessante. As caves subterrâneas são túneis construídos abaixo das ruas da cidade. Entramos por uma rua e, ao final da visitação, saímos por outra. A vinícola é muito bem equipada. A sala de degustação é nova, moderna e muito confortável. Mas o enólogo Willian, que foi o nosso guia, foi um bônus à parte. Ele é um grande entusiasta do mundo dos vinhos! E quando dois enófilos apaixonados se juntam, não falta assunto. A nossa visita, que tinha programação de duas horas, durou três. Saímos da Aurora faltando apenas trinta minutos para o motorista nos buscar no hotel. Mal tivemos tempo de fazer um lanche rápido e já saímos rumo a Pinto Bandeira para novas visitas e degustações.
Passamos rapidamente pela Valmarino pois tínhamos um agendamento de visitação na Cave Geisse e, devido à chuva, o percurso foi um pouco mais demorado que o previsto. Não daria pra fazermos uma degustação completa devido à falta de tempo mas me chamou a atenção um espumante tinto fabricado por eles pois ainda não tinha tido a oportunidade de degustar o estilo.
O Valmarino Extra Brut Tinto 2014 é elaborado pelo método tradicional através de um corte de Sangiovese e Pinot Noir. Possui coloração vermelho rubi pálido e aromas de frutas vermelhas, cedro e pão tostado. Apresenta corpo médio, ótima acidez refrescante, taninos discretos e sabores frutados e tostados bem evidentes. Muito exótico! Foi uma experiência interessante.
A Cave Geisse é visita obrigatória em Pinto Bandeira. A vinícola é linda, rodeada por vinhedos, um caramanchão com espreguiçadeiras no meio das árvores para quem quiser relaxar, lago e estacionamento coberto com toldos. Por dentro é muito bem equipada e suas grandes caves mostram o mesmo capricho visto na parte externa. A visitação inclui uma degustação de três espumantes ao final e o valor varia de acordo com os espumantes que você escolher degustar. São três opções e parte do valor é revertido em compras. A sala de degustação é aconchegante, com sofás individuais acolchoados que te fazem sentir como se estivesse na sala da sua casa. Eu e meu marido escolhemos opções diferentes para que pudéssemos conhecer maior número de rótulos e, posso afirmar, que são todos muito bem elaborados e que o capricho da vinícola se reflete nos seu produtos.
Ao final da tarde, seguimos para a nossa última visita do dia. Na vinícola Don Giovanni não é preciso marcar horário. O acesso é feito pela loja e, caso tenha interesse, uma das vendedoras te leva para conhecer uma das caves da vinícola. A degustação inclui tanto vinhos tranquilos como espumantes e você pode escolher os que prefere degustar. São vinhos bem elaborados e de bom custo benefício mas um deles me surpreendeu e me arrependi de ter trazido apenas uma garrafa.
O espumante Don Giovanni Rosé Brut é elaborado pelo método tradicional, utilizando 50% de Pinot Noir, 40% de Merlot e 10% de Chardonnay. O que mais me chamou a atenção foi o aroma de terra molhada, remetendo àquela primeira chuva depois de longa estiagem. O aroma era muito pronunciado e pude confirmar quando abri a garrafa que trouxe pra casa. O cheiro de chuva estava lá. Coloração rosa escuro com presença de frutas vermelhas e ótima acidez refrescante, esse espumante me conquistou.
Famintos, felizes e carregando mais algumas garrafas, voltamos para Bento Gonçalves. Na próxima publicação, vou falar sobre um almoço em um restaurante maravilhoso com vista para os vinhedos em Flores da Cunha e sobre uma Octoberfest diferente.
Um brinde às boas coisas e até lá!
Saímos debaixo de um temporal para o nosso compromisso na Aurora. Como sempre, chegamos mais cedo e, rapidamente, fomos recepcionados pelo enólogo Willian e conduzidos a uma sala de palestras, para assistir a um vídeo sobre a vinícola e a criação da cooperativa, enquanto aguardávamos os demais participantes. Para a nossa surpresa, por causa da chuva forte, apenas mais uma pessoa compareceu e a nossa visitação foi quase exclusiva.
Willian nos apresentou a vinícola, as áreas de produção com seus grandes tanques de aço inox, as caves subterrâneas com as suas barricas de carvalho e milhares de garrafas com o líquido precioso em maturação, nos contou mais um pouco da história da criação da cooperativa, da entrada de novos viticultores e do seu crescimento.
Depois nos levou a uma sala de degustação muito organizada, com mesas para acomodar umas 40 pessoas e cuspideiras individuais. Em cada mesa tinham fichas de análise sensorial e um livreto com informações básicas sobre as principais castas e tipos de vinhos. Era o nosso material de estudo que foi levado pra casa junto com um certificado de participação. O mini curso foi rápido mas bem interessante, com informações claras para os iniciantes. Willian deixou todos muito a vontade para fazer perguntas e, na hora da degustação, nos deu opções para que pudéssemos escolher os vinhos que queríamos degustar.
Foram degustados cinco vinhos sendo um branco, um rosé, dois tintos e um espumante. Iniciamos pelo varietal branco Aurora Reserva Chardonnay 2015, envelhecido três meses em barricas de carvalho francês e americano de primeiro uso, com aromas de abacaxi, frutas de caroço, maçã verde e notas de baunilha. Um bom vinho branco com corpo médio e boa acidez.
O segundo vinho foi o Aurora Reserva Merlot Rosé 2017. Esse me surpreendeu pela qualidade. Vinificado através de prensagem direta, possui uma coloração rosa bem suave e aromas intensos de rosas, morangos e framboesas. Muito leve, suave e fresco.
Seguimos para os tintos. O primeiro deles foi um pedido meu que sou uma apaixonada por Cabernet Franc. Eu e Willian tivemos uma discussão muito interessante sobre a ótima adaptação da CF ao terroir da região e sobre o fato da Merlot ser considerada a uva emblemática do Brasil. Confesso que sempre discordei disso, sempre achei que os produtores nacionais deviam investir mais na Cabernet Franc. Mas, depois de degustar tantos rótulos de Merlot durante a viagem, tão bem elaborados, percebo que ela tem o seu mérito. Esse assunto pode servir de tema em um futuro artigo pois não é o nosso objetivo neste momento. O Pequenas Partilhas Cabernet Franc 2014 não decepcionou. Poderoso,com aromas de madeira tostada, chocolate amargo e couro, tem corpo médio, ótima acidez e taninos macios. Gastronômico e com muita personalidade.
O próximo tinto foi o Millesimé Cabernet Sauvignon 2012, considerado o vinho ícone da vinícola e produzido apenas em safras excepcionais. A de 2012 foi a última produzida. Poderoso, potente e encorpado, com aromas de madeira tostada, cacau, tabaco, couro e ameixas negras, possui ótima acidez e taninos firmes. Realmente, um grande vinho!
Brindamos o final da nossa degustação com o Procedências Chardonnay, espumante elaborado pelo método Charmat, muito leve, com acidez refrescante e aromas cítricos e de frutas brancas.
A visita foi muito interessante. As caves subterrâneas são túneis construídos abaixo das ruas da cidade. Entramos por uma rua e, ao final da visitação, saímos por outra. A vinícola é muito bem equipada. A sala de degustação é nova, moderna e muito confortável. Mas o enólogo Willian, que foi o nosso guia, foi um bônus à parte. Ele é um grande entusiasta do mundo dos vinhos! E quando dois enófilos apaixonados se juntam, não falta assunto. A nossa visita, que tinha programação de duas horas, durou três. Saímos da Aurora faltando apenas trinta minutos para o motorista nos buscar no hotel. Mal tivemos tempo de fazer um lanche rápido e já saímos rumo a Pinto Bandeira para novas visitas e degustações.
Passamos rapidamente pela Valmarino pois tínhamos um agendamento de visitação na Cave Geisse e, devido à chuva, o percurso foi um pouco mais demorado que o previsto. Não daria pra fazermos uma degustação completa devido à falta de tempo mas me chamou a atenção um espumante tinto fabricado por eles pois ainda não tinha tido a oportunidade de degustar o estilo.
O Valmarino Extra Brut Tinto 2014 é elaborado pelo método tradicional através de um corte de Sangiovese e Pinot Noir. Possui coloração vermelho rubi pálido e aromas de frutas vermelhas, cedro e pão tostado. Apresenta corpo médio, ótima acidez refrescante, taninos discretos e sabores frutados e tostados bem evidentes. Muito exótico! Foi uma experiência interessante.
A Cave Geisse é visita obrigatória em Pinto Bandeira. A vinícola é linda, rodeada por vinhedos, um caramanchão com espreguiçadeiras no meio das árvores para quem quiser relaxar, lago e estacionamento coberto com toldos. Por dentro é muito bem equipada e suas grandes caves mostram o mesmo capricho visto na parte externa. A visitação inclui uma degustação de três espumantes ao final e o valor varia de acordo com os espumantes que você escolher degustar. São três opções e parte do valor é revertido em compras. A sala de degustação é aconchegante, com sofás individuais acolchoados que te fazem sentir como se estivesse na sala da sua casa. Eu e meu marido escolhemos opções diferentes para que pudéssemos conhecer maior número de rótulos e, posso afirmar, que são todos muito bem elaborados e que o capricho da vinícola se reflete nos seu produtos.
Ao final da tarde, seguimos para a nossa última visita do dia. Na vinícola Don Giovanni não é preciso marcar horário. O acesso é feito pela loja e, caso tenha interesse, uma das vendedoras te leva para conhecer uma das caves da vinícola. A degustação inclui tanto vinhos tranquilos como espumantes e você pode escolher os que prefere degustar. São vinhos bem elaborados e de bom custo benefício mas um deles me surpreendeu e me arrependi de ter trazido apenas uma garrafa.
O espumante Don Giovanni Rosé Brut é elaborado pelo método tradicional, utilizando 50% de Pinot Noir, 40% de Merlot e 10% de Chardonnay. O que mais me chamou a atenção foi o aroma de terra molhada, remetendo àquela primeira chuva depois de longa estiagem. O aroma era muito pronunciado e pude confirmar quando abri a garrafa que trouxe pra casa. O cheiro de chuva estava lá. Coloração rosa escuro com presença de frutas vermelhas e ótima acidez refrescante, esse espumante me conquistou.
Famintos, felizes e carregando mais algumas garrafas, voltamos para Bento Gonçalves. Na próxima publicação, vou falar sobre um almoço em um restaurante maravilhoso com vista para os vinhedos em Flores da Cunha e sobre uma Octoberfest diferente.
Um brinde às boas coisas e até lá!
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