
De norte a sul, encontramos vinhos marcantes e únicos na Itália. Na região noroeste, ao sopé dos Alpes, fica o Piemonte, lar da Nebbiolo, casta que produz dois dos mais famosos vinhos italianos e sonho de consumo da grande maioria dos enófilos. Com alto nível de acidez e taninos, mas pouca cor, a Nebbiolo é capaz de produzir vinhos de muito corpo e ótimo potencial de envelhecimento. Em Barolo DOCG, os vinhos devem ser envelhecidos por pelo menos três anos antes de serem lançados no mercado, sendo que dezoitos meses devem ser passados em madeira. São vinhos de grande estrutura e que se mostram muito austeros quando ainda jovens, se beneficiando bastante de um período extra de envelhecimento em garrafa. Um Barolo de um produtor conceituado, quando no seu auge, é capaz de proporcionar belas experiências sensitivas com a sua potência, equilíbrio e complexidade. Em Barbaresco DOCG, a Nebiollo assume um caráter menos austero, mais frutado, apesar de manter sua estrutura, altos níveis de acidez e taninos e a sua capacidade de envelhecimento. Os vinhos devem ser envelhecidos por dois anos antes de irem para o mercado, sendo pelo menos nove meses em madeira de carvalho, e se beneficiarão de mais alguns anos em garrafa. Devo lembrar que, para que o vinho se desenvolva bem em garrafa, a mesma deve ser armazenada em condições propícias. Um local fresco, sem grandes variações de temperatura, sem incidência de luz direta e sem vibrações.


Ainda na Toscana, mas agora na plana região costeira, surgiram os famosos Super-Tuscan, antes conhecidos como "vinhos fora da lei". Alguns produtores, insatisfeitos com as restritas regras da legislação, resolveram elaborar vinhos com castas internacionais, principalmente as de Bordeaux, que não eram permitidas na região. Esses vinhos não puderam ser rotulados com uma denominação de origem, por terem infringido as regras da região. Apesar disto, fizeram enorme sucesso e foram vendidos a preços superiores, ganhando merecidamente o nome de Super Toscanos. Tamanho sucesso incentivou outros produtores a também investirem em castas internacionais e hoje já existem na Toscana duas denominações de origem que reconhecem como legítimos os antigos "fora da lei", Bolgueri DOC e Maremma Toscana DOC.

Também ao longo da costa ocidental, mas agora na região sul da Itália, em Campânia, encontramos a Aglianico, casta que produz vinhos poderosos, de cor profunda e com níveis altos de acidez e taninos. Ela é cultivada em toda a região, mas o Taurasi DOCG é o vinho que exibe todo o seu potencial e estrutura, necessitando também de grande guarda para atingir o seu auge e exibir suas melhores características. Tive o privilégio de degustar três Taurasis no intervalo de quatro dias dos dois eventos de vinhos italianos, safras de 1999, 2007 e 2009, respectivamente, e me surpreendi com a grande diferença de estilo de acordo com o grau de evolução. Uma grande experiência!

Também na Sicília, o maior foco da produção está em vinhos simples e fáceis de beber. Mas a Nero d'Avola, casta predominante da ilha, é capaz de produzir vinhos concentrados e complexos, que se beneficiam com a maturação em garrafa.
Degustar os poderosos vinhos italianos é sempre uma grande experiência e comprar uma dessas garrafas, guardar por anos até que atinja o seu auge, na maioria das vezes, se mostra muito compensador. Vou ficando por aqui e quero avisar que estarei ausente durante o mês de junho pois estarei investindo o meu tempo em mais conhecimento sobre esse assunto de que tanto gosto. Mas em julho voltarei com muitas novidades e um novo diário de viagem. Um ótimo mês a todos e até julho! Cheers!
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