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Mostrando postagens de 2018

Degustação de vinhos licorosos de safras antigas do Porto e do Douro

   Durante o mês de novembro, estive em Portugal conhecendo as suas diversas regiões e aproveitei para degustar vários dos seus maravilhosos vinhos. O país é lindo, os portugueses muito solícitos, a comida deliciosa e os vinhos são um belo espetáculo a parte. Visitei vinícolas, ótimos restaurantes, mercados, bares, comi comidas típicas acompanhadas de vinhos regionais e fiz degustações em enotecas muito bem montadas. Mas a minha experiência enológica mais enriquecedora aconteceu sem nenhuma programação.    Eu estava passeando pelas ruas de Sintra com a minha família quando passamos em frente a um charmoso Wine Bar. Como enófila de carteirinha, não pude deixar de entrar para conhecer o ambiente e conferir os rótulos oferecidos. A casa tem uma variedade incrível de rótulos vintage de Vinhos do Porto e Madeira. No balcão, um aviso oferecia aos clientes dois tipos de degustação de Vinhos do Porto, uma de vinhos mais jovens e outra de vinhos mais envelhecidos. Além disso, a carta oferecia

Os aromas do vinho

   Todo enófilo que se preze sabe que, para se desfrutar ao máximo das sensações que o vinho pode nos proporcionar, a taça deve ser girada para a maior liberação dos aromas presentes na bebida dos Deuses. O que muitos não sabem é que estes aromas podem nos ajudar muito a identificar não apenas o tipo de uva utilizada na produção daquele vinho, como também algumas técnicas utilizadas no processo de vinificação e até mesmo a idade do vinho.    Durante a análise olfativa, podemos identificar três grupos de aromas, os primários, os secundários e os terciários. Os aromas primários são aqueles existentes no vinho que acabou de ser fermentado e podem ser próprios da uva ou originados do processo de fermentação. Em sua maioria, são aromas frutados, como as frutas cítricas, o pêssego e a maçã verde nos vinhos brancos e o morango, a ameixa e a framboesa em vinhos tintos. Em regiões muito quentes, onde a uva amadurece muito rápido, podemos sentir aromas de frutas cozidas ou secas. Algumas uvas t

Três dias em Champagne

   A região de Champagne é encantadora e pitoresca. A maioria das comunas são pequenas e separadas por muitos quilômetros de vinhedos. É dividida em cinco sub-regiões. Mais ao norte, ao redor das comunas de Reims e Éperney, estão O Valée de La Marne, Montagne de Reims e Côte des Blancs. Mais ao centro temos Côte de Sézanne e ao sul, Côte des Bar. As três principais castas são a Chardonnay, a Pinot Noir e a Meunier. Côte des blancs e Côte de Sézanne produzem predominantemente a Chardonnay, enquanto a Pinot Noir está mais amplamente plantada em Montagne de Reims e Côte des Bar. O Vallée de la Marne se concentrou principalmente na Meunier, casta de abrolhamento tardio, o que protege as videiras das geadas da primavera, tão comuns nesta sub-região.    Nos hospedamos em um Domaine em Châtillon-sur -Maine, uma comuna próxima a Épernay e com uma população média de 1000 habitantes. Foi difícil encontrar a nossa hospedagem que ficava escondida no final de uma estreita estrada de terra em meio

Explorando o Vale do Loire

   Na publicação anterior, falei sobre os três dias que passei em Tokaj no mês de junho. Porém, antes de viajar para o leste europeu, estive por dez dias visitando vinícolas na França nas regiões do Vale do Loire e em Champagne. Além de belíssimos vinhos, a região nos brinda com maravilhosas paisagens e cidades que nos obrigam a tirar alguns momentos para sermos apenas turistas. Hoje vou falar sobre minhas andanças pelo vale do rio mais longo da França.    Entramos na França através da cidade de Nantes e alugamos um carro no aeroporto. Nossa primeira hospedagem seria a poucos quilômetros, no Domaine Du Fief Aux Dames, em Monniéres. A propriedade é pequena e as instalações localizadas ao lado dos vinhedos de Melon de Bourgogne. A produção, pequena e artesanal, é toda voltada para a produção de vinhos da denominação Muscadet. Para quem não sabe, Muscadet é a denominação de origem do Vale do Loire localizada próximo ao Atlântico e principalmente ao sul do rio Loire. Dentro da denominação

Uma visita a Tokaj

   Durante o mês de junho, estive visitando algumas regiões vinícolas do velho mundo e tive o prazer de passar três doces dias em Tokaj, região onde são elaborados alguns dos melhores vinhos de sobremesa do mundo. Situada no nordeste da Hungria, com um pequeno trecho cobrindo o território eslovaco, a região de Tokaj-Hegyalja é protegida desde 1737, quando foi declarada uma área exclusiva de vinhos através de um decreto real, e em 2002 tornou-se Patrimônio Mundial da UNESCO.    Em uma área de 275 quilômetros quadrados, as videiras dividem espaço com belíssimas plantações de girassóis e pequenos vilarejos pitorescos repletos de lojinhas de vinhos e badulaques e de restaurantes com ótimas comidas a bom preço. Andar pelas ruas das vilas de Tokaj é como voltar no tempo, longe da correria e do movimento das grandes cidades, a vida parecendo andar mais devagar. E não tente fazer alguma compra ou mesmo uma refeição entre as 14 e 16 horas, pois eles seguem o costume da sesta, tão difundido em

Diamantina - Terra de vinhos, queijos e a famosa hospitalidade mineira.

   Recentemente, passei por belas experiências de aprendizado em vinícolas, algumas distantes e outras bem pertinho daqui. Estas viagens vão render muito assunto pra matérias aqui no Vinho às Claras. Como sou uma entusiasta dos vinhos nacionais, resolvi começar falando da última viagem, realizada a pouco mais de uma semana para uma cidade bem próxima, a apenas 296 km de Belo Horizonte, Diamantina.    A algum tempo atrás, publiquei um artigo falando sobre os vinhos de Minas e a técnica da dupla poda. Agora tive a oportunidade de visitar e ver pessoalmente o trabalho desenvolvido por vinícolas mineiras e posso afirmar que é apaixonante testemunhar o amor e o empenho envolvido na produção dos nossos vinhos.    A viagem foi organizada pelas queridas Vanessa e Eveline, criadoras da confraria feminina Luluvinhas. No último dia 03, eu e mais 18 Lulus saímos de BH para conhecer a produção de vinhos e queijos da região. No dia seguinte, tínhamos programadas visitas à Vinícola Campo Alegre, pe

As poderosas uvas italianas

  Recentemente, estive em duas degustações às cegas com o tema de vinhos italianos e a potência e estrutura de vários desses vinhos me inspirou a escrever este texto. A Itália é um país de grande tradição vinícola e o seu território serve de lar a castas muito singulares, capazes de produzir vinhos únicos, poderosos e de grande guarda. Para quem gosta de vinhos com muito corpo, tânicos e muito estruturados, a sessão italiana da loja de vinhos é uma parada obrigatória. É claro que em um país com tanta tradição e diferentes tipos de terrois, os estilos são muito diversos. Podemos encontrar desde vinhos leves e fáceis de beber como os Bardolinos e os Valpolicellas, como vinhos de médio corpo como os Barberas e os Dolcettos e os poderosos e encorpados, que são o tema da publicação de hoje.   De norte a sul, encontramos vinhos marcantes e únicos na Itália. Na região noroeste, ao sopé dos Alpes, fica o Piemonte, lar da Nebbiolo, casta que produz dois dos mais famosos vinhos italianos e son