Se a Cabernet Sauvignon é considerada a rainha das uvas tintas, a Chardonnay ostenta o mesmo título sobre as brancas. Originária da região da Borgonha, na França, é uma uva de fácil adaptação em diferentes tipos de clima e solo, desenvolvendo características diversas, de acordo com o terroir local. Em regiões de clima frio, ela produzirá vinho mais austeros, com acidez elevada e sabores cítricos e de maçã verde. Nos climas moderados, os sabores frutados tendem para melão e pêssego, acompanhados de uma média acidez. Nas regiões de clima quente, os vinhos terão predominância de aromas e sabores de frutas tropicais como abacaxi, banana e manga, normalmente serão mais encorpados e com maior teor alcoólico. Nessas regiões, a Chardonnay perde acidez muito rapidamente durante a etapa final de amadurecimento, sendo de extrema importância a exata definição do melhor momento da colheita.
A Chardonnay não é considerada uma uva aromática e os seus sabores neutros a tornam uma uva perfeita para ser trabalhada, adquirindo características próprias oriundas do processo de vinificação. Existem inúmeras possibilidades a serem exploradas pelo enólogo e, aliadas à grande adaptação em diferentes regiões, existem vários estilos de vinhos produzidos pela rainha das uvas brancas.
Na própria Borgonha, onde ela reina soberana entre as brancas, os estilos variam muito. Chablis, na porção norte, possui clima fresco e a Chardonnay é a única casta permitida. Os vinhos apresentam corpo leve a médio, sabores de maçã verde e frutas cítricas, alta acidez e mineralidade. Algumas vinhas situadas em locais privilegiados, com orientação sul, que se beneficiam do contato direto da luz solar, podem produzir vinhos com sabores de frutas de caroço, mais corpo, mas também com alta acidez. Os vinhos provenientes dessas regiões terão no rótulo as classificações Chablis Premier Cru ou Chablis Grand Cru. O uso da madeira na região não é usual, sendo que a madeira nova nunca é utilizada. Esse famoso vinho harmoniza muito bem com frutos do mar, sendo as ostras consideradas a harmonização perfeita.
Na região central da Borgonha, em uma sub-região chamada Côte de Beaune, são produzidos alguns dos melhores e mais caros varietais de Chardonnay do mundo. Com estilo bem diferente de Chablis, são vinhos mais encorpados, com sabores de frutas de caroço e acidez média. A maioria dos produtores da região optam pela fermentação malolática, processo em que se transforma o ácido málico presente na uva em ácido lático, adquirindo cremosidade e criando aromas e sabores de manteiga e amêndoas e suavizando a acidez. Muitas vezes passam por madeira, exibindo sabores tostados e de nozes, e podem passar um tempo de envelhecimento em contato com borras das leveduras, adquirindo complexidade e corpo. Esses vinhos, em sua maioria, têm ótimo potencial de envelhecimento em garrafa.
Já na porção sul da Borgonha, os brancos de Chardonnay podem ser vinificados de forma semelhante a Côte de Beaune ou podem ser simples e frutados, sem contato com madeira, com corpo e acidez médios e sabores cítricos e de maça verde, além dos aromas de manteiga adquiridos na fermentação malolática.
Outra região da França onde a Chardonnay está amplamente plantada é Champagne. Ela é uma das três principais castas utilizadas na produção do espumante mais famosos do mundo. Com clima muito similar a Chablis, a alta acidez da uva no momento da colheita a torna perfeita para a produção de espumantes. Uma curiosidade interessante é o termo Blanc de Blancs, que quer dizer que o espumante foi elaborado apenas com uvas brancas. Como a Chardonnay é a única branca das três principais castas permitidas em Champagne, as outras são a Pinot Noir e a Meunier, nesta região quer dizer que o espumante foi elaborado exclusivamente com ela.
Devido à sua alta adaptabilidade, podemos encontrar Chardonnay em quase todas as regiões vinícolas do mundo. Na California, é a casta mais plantada, considerando-se brancas e tintas. A variedade de estilos é enorme. Podendo ser vinhos ao estilo de Côte de Beaune, com alta complexidade, sabores tostados da madeira e muito corpo, até econômicos, com produção de alto volume, simples e frutados e, às vezes, com algumas notas tostadas.
Em 24 de maio de 1976, aconteceu em Paris, um evento que marcou para sempre o mundo do vinhos. O comerciante inglês Steve Spurrier, com o objetivo de promover a sua loja de vinhos, organizou uma degustação às cegas onde seriam confrontados os Chardonnay e Cabernet Sauvignon californianos com os melhores vinhos franceses da Borgonha e de Bordeaux, respectivamente. Foi formado um juri de nove especialistas, representantes da elite cultural do vinho da França. O Chateau Montelena Chardonnay 1973, da Califórnia, foi o vencedor na categoria brancos, superando os melhores Borgonhas. O resultado gerou muita surpresa entre os jurados que não podiam compreender como um vinho do Novo Mundo poderia superar os melhores franceses. Durante a degustação dos tintos, o comportamento dos jurados havia mudado e eles começaram a dar notas muito altas ou muito baixas, dependendo de onde achavam ser a origem do vinho. Mas, mesmo assim, Stag's Leap Wine Cellars Cabernet Sauvignon 1973, californiano, foi julgado o melhor. Trinta anos depois, em 24 de maio de 2006, os mesmos vinhos, foram degustados simultaneamente por jurados europeus e americanos e os cinco vinhos mais bem pontuados foram de Nappa Valley. Essa história virou filme e é bem interessante.
Outros países com grande reputação na produção de Chardonnay são a Austrália, a Nova Zelândia e o Chile. O estilo varia de acordo com o clima e as opções do enólogo no processo de vinificação. O Brasil tem investido bastante na casta para a produção de espumantes e de vinhos tranquilos e os resultados têm sido muito promissores. Várias vinícolas nacionais estão apostando na rainha das brancas e em seus diferentes estilos de vinificação. Mais do que qualquer outra casta, a Chardonnay faz jus à máxima de que cada garrafa de vinho é uma surpresa.
Vou ficando por aqui e deixo como sugestão para uma noite chuvosa o filme O Julgamento de Paris (Bottle Shock), um balde de pipoca e um Chardonnay Californiano. Ótimas surpresas a todos e até uma próxima publicação. Saúde!
A Chardonnay não é considerada uma uva aromática e os seus sabores neutros a tornam uma uva perfeita para ser trabalhada, adquirindo características próprias oriundas do processo de vinificação. Existem inúmeras possibilidades a serem exploradas pelo enólogo e, aliadas à grande adaptação em diferentes regiões, existem vários estilos de vinhos produzidos pela rainha das uvas brancas.
Na própria Borgonha, onde ela reina soberana entre as brancas, os estilos variam muito. Chablis, na porção norte, possui clima fresco e a Chardonnay é a única casta permitida. Os vinhos apresentam corpo leve a médio, sabores de maçã verde e frutas cítricas, alta acidez e mineralidade. Algumas vinhas situadas em locais privilegiados, com orientação sul, que se beneficiam do contato direto da luz solar, podem produzir vinhos com sabores de frutas de caroço, mais corpo, mas também com alta acidez. Os vinhos provenientes dessas regiões terão no rótulo as classificações Chablis Premier Cru ou Chablis Grand Cru. O uso da madeira na região não é usual, sendo que a madeira nova nunca é utilizada. Esse famoso vinho harmoniza muito bem com frutos do mar, sendo as ostras consideradas a harmonização perfeita.
Na região central da Borgonha, em uma sub-região chamada Côte de Beaune, são produzidos alguns dos melhores e mais caros varietais de Chardonnay do mundo. Com estilo bem diferente de Chablis, são vinhos mais encorpados, com sabores de frutas de caroço e acidez média. A maioria dos produtores da região optam pela fermentação malolática, processo em que se transforma o ácido málico presente na uva em ácido lático, adquirindo cremosidade e criando aromas e sabores de manteiga e amêndoas e suavizando a acidez. Muitas vezes passam por madeira, exibindo sabores tostados e de nozes, e podem passar um tempo de envelhecimento em contato com borras das leveduras, adquirindo complexidade e corpo. Esses vinhos, em sua maioria, têm ótimo potencial de envelhecimento em garrafa.
Já na porção sul da Borgonha, os brancos de Chardonnay podem ser vinificados de forma semelhante a Côte de Beaune ou podem ser simples e frutados, sem contato com madeira, com corpo e acidez médios e sabores cítricos e de maça verde, além dos aromas de manteiga adquiridos na fermentação malolática.
Outra região da França onde a Chardonnay está amplamente plantada é Champagne. Ela é uma das três principais castas utilizadas na produção do espumante mais famosos do mundo. Com clima muito similar a Chablis, a alta acidez da uva no momento da colheita a torna perfeita para a produção de espumantes. Uma curiosidade interessante é o termo Blanc de Blancs, que quer dizer que o espumante foi elaborado apenas com uvas brancas. Como a Chardonnay é a única branca das três principais castas permitidas em Champagne, as outras são a Pinot Noir e a Meunier, nesta região quer dizer que o espumante foi elaborado exclusivamente com ela.
Devido à sua alta adaptabilidade, podemos encontrar Chardonnay em quase todas as regiões vinícolas do mundo. Na California, é a casta mais plantada, considerando-se brancas e tintas. A variedade de estilos é enorme. Podendo ser vinhos ao estilo de Côte de Beaune, com alta complexidade, sabores tostados da madeira e muito corpo, até econômicos, com produção de alto volume, simples e frutados e, às vezes, com algumas notas tostadas.
Em 24 de maio de 1976, aconteceu em Paris, um evento que marcou para sempre o mundo do vinhos. O comerciante inglês Steve Spurrier, com o objetivo de promover a sua loja de vinhos, organizou uma degustação às cegas onde seriam confrontados os Chardonnay e Cabernet Sauvignon californianos com os melhores vinhos franceses da Borgonha e de Bordeaux, respectivamente. Foi formado um juri de nove especialistas, representantes da elite cultural do vinho da França. O Chateau Montelena Chardonnay 1973, da Califórnia, foi o vencedor na categoria brancos, superando os melhores Borgonhas. O resultado gerou muita surpresa entre os jurados que não podiam compreender como um vinho do Novo Mundo poderia superar os melhores franceses. Durante a degustação dos tintos, o comportamento dos jurados havia mudado e eles começaram a dar notas muito altas ou muito baixas, dependendo de onde achavam ser a origem do vinho. Mas, mesmo assim, Stag's Leap Wine Cellars Cabernet Sauvignon 1973, californiano, foi julgado o melhor. Trinta anos depois, em 24 de maio de 2006, os mesmos vinhos, foram degustados simultaneamente por jurados europeus e americanos e os cinco vinhos mais bem pontuados foram de Nappa Valley. Essa história virou filme e é bem interessante.
Outros países com grande reputação na produção de Chardonnay são a Austrália, a Nova Zelândia e o Chile. O estilo varia de acordo com o clima e as opções do enólogo no processo de vinificação. O Brasil tem investido bastante na casta para a produção de espumantes e de vinhos tranquilos e os resultados têm sido muito promissores. Várias vinícolas nacionais estão apostando na rainha das brancas e em seus diferentes estilos de vinificação. Mais do que qualquer outra casta, a Chardonnay faz jus à máxima de que cada garrafa de vinho é uma surpresa.
Vou ficando por aqui e deixo como sugestão para uma noite chuvosa o filme O Julgamento de Paris (Bottle Shock), um balde de pipoca e um Chardonnay Californiano. Ótimas surpresas a todos e até uma próxima publicação. Saúde!
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