Na publicação anterior, falei sobre a Chardonnay, considerada a rainha das uvas brancas. Nada mais justo que falar hoje sobre a rainha das tintas. Mas antes de começar a falar da Cabernet Sauvignon, vamos entender melhor o que são os taninos. Quem nunca comeu uma banana ou um caqui não totalmente maduros e teve aquela sensação de secura na boca ou como se tivesse uma cola entre os lábios e a gengiva? Pois essa adstringência está presente, em menor ou maior grau, nos vinhos tintos. E os responsáveis por essa sensação são os taninos presentes na casca das uvas. Essas substâncias químicas são compostos fenólicos importantes na estrutura do vinho, contribuindo para a sua estrutura e o seu potencial de envelhecimento. Quando as uvas não amadurecem totalmente, os taninos podem ser amargos e ásperos, tornando os vinhos duros. Mas, quando estão completamente amadurecidas, o nível de amargor e adstringência diminui, eles se tornam macios, com textura aveludada, contribuindo com o peso e o volume dos vinhos na boca.
A Cabernet Sauvignon é uma casta de bagos pequenos, com pouca poupa e casca grossa, o que confere ao vinho muita cor, sabor e taninos. Originária de Bordeaux, na França, ela surgiu do cruzamento da Cabernet Franc com a Sauvignon Blanc. É uma casta de maturação tardia, por este motivo pode ter certa dificuldade em amadurecer em regiões de clima fresco, produzindo vinhos com taninos ásperos e aromas herbáceos, como pimentão verde. Mas em regiões em que atinge a completa maturação, produz vinhos com uma coloração rubi profunda, muito corpo, sabores de frutas negras, menta e taninos, poderosos na juventude, que se tornarão macios com o envelhecimento. É, portanto, uma casta que produz vinhos com alta longevidade e que se beneficia muito do uso da madeira de carvalho que, além de contribuir na eliminação das arestas dos taninos, adiciona sabores de cedro tostado, baunilha e café. Cultivada em várias regiões do mundo, é usada para a produção de vinhos varietais ou em cortes com diferentes castas.

Em Bordeaux, é utilizada sempre em cortes com a Merlot e a Cabernet Franc. Esse famoso "corte Bordalês" é reproduzido em várias regiões vinícolas do mundo. A Merlot traz suavidade ao corte, amaciando a alta carga tânica da Cabernet Sauvignon e adicionando sabores frutados e corpo ao vinho. Na Austrália, ela é muito utilizada em cortes com a Shiraz, na Itália com a Sangiovese e na Espanha com a Tempranillo. É a uva tinta mais plantada na Califórnia, sendo muito utilizada em varietais ou em cortes com a Merlot. Junto com a Chardonnay, a Cabernet Sauvignon californiana foi a estrela do Julgamento de Paris, com seus vinhos desbancando os melhores franceses. Se você não leu o artigo anterior, lá eu conto detalhes desta história bem interessante do mundo dos vinhos.
Onde existe um pouquinho de calor, existem videiras de Cabernet Sauvignon. Como rainha das tintas, ela expandiu os seus limites e hoje também está presente na África do Sul, onde é a casta tinta mais plantada. Também é a principal casta chilena, onde pode ser encontrada em cortes com a Merlot e a Carmenère. Na Argentina, perde o seu reinado para a Malbec mas também tem grande importância na produção vinícola do país. Aqui no Brasil, ela também dá a sua contribuição aparecendo em varietais e em cortes ao estilo bordalês e já pude constatar a alta qualidade de alguns produtores.
Ela se tornou popular entre os enófilos e já ouvi de várias pessoas que, quando vão escolher um vinho," sempre compram Cabernet Sauvignon porque não tem erro". Na realidade, o processo de vinificação e o local onde foi plantada irá ditar o estilo do vinho. Quando vinificada para produção de maior volume, os vinhos serão simples, jovens, menos encorpados, os sabores frutados mais evidentes e será um vinho mais fácil de beber. Em regiões onde ela tiver dificuldade de atingir sua total maturação, ainda estarão evidentes os aromas herbáceos, como pimentão e menta. Mas, quando vinificada com controle de produção e maturação em barris de carvalho novos, ela é capaz de produzir vinhos com grande complexidade de aromas e sabores, potentes, gastronômicos e com grande potencial de envelhecimento. Portanto, existem estilos muito diferentes e o importante é você descobrir o que te agrada. E não deixar de experimentar outras uvas. Um dos aspectos mais interessante do mundo dos vinhos é exatamente essa diversidade de estilos. Você pode já ter degustado centenas de garrafas mas sempre será surpreendido por algo diferente.
Vou terminando por aqui e vou até ali tentar me surpreender com um novo rótulo. Uma boa semana a todos e até um próximo texto. Salute!




Ela se tornou popular entre os enófilos e já ouvi de várias pessoas que, quando vão escolher um vinho," sempre compram Cabernet Sauvignon porque não tem erro". Na realidade, o processo de vinificação e o local onde foi plantada irá ditar o estilo do vinho. Quando vinificada para produção de maior volume, os vinhos serão simples, jovens, menos encorpados, os sabores frutados mais evidentes e será um vinho mais fácil de beber. Em regiões onde ela tiver dificuldade de atingir sua total maturação, ainda estarão evidentes os aromas herbáceos, como pimentão e menta. Mas, quando vinificada com controle de produção e maturação em barris de carvalho novos, ela é capaz de produzir vinhos com grande complexidade de aromas e sabores, potentes, gastronômicos e com grande potencial de envelhecimento. Portanto, existem estilos muito diferentes e o importante é você descobrir o que te agrada. E não deixar de experimentar outras uvas. Um dos aspectos mais interessante do mundo dos vinhos é exatamente essa diversidade de estilos. Você pode já ter degustado centenas de garrafas mas sempre será surpreendido por algo diferente.
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