A alguns meses
atrás, participei de uma degustação dos vinhos Maria Maria promovida por uma loja de vinhos daqui de
Belo Horizonte. Eu já estava curiosa sobre esses vinhos
produzidos por Eduardo Junqueira na Fazenda Capetinga de Três Pontas, Sul de
Minas, desde que o Maria Maria Bel Sauvignon Blanc 2015 foi o vencedor da
categoria bronze do Decanter World Wine Awards 2017, em Londres.
Eduardo Junqueira, pertencente à uma
tradicional família de cafeicultores do Sul de Minas, resolveu investir na
viticultura em 2009 e o nome dos vinhos surgiu graças à sua amizade com o
cantor Milton Nascimento. Além do vinho branco, ele também produz um rosé e um
tinto de Syrah e cada um dos seus rótulos recebe o nome de uma das mulheres da
família.
O Sauvignon Blanc
Bel Maria Maria 2015 Colheita de Inverno apresenta aromas de frutas cítricas,
herbáceo e notas florais, corpo médio e ótima acidez refrescante. Um vinho que
já carrega consigo uma premiação importante e o privilégio de colocar o nome de
Minas como um estado que, apesar de todas as adversidades climáticas para o
cultivo de videiras, é capaz de produzir vinhos de qualidade.
O Maria Maria Claudia
Rosé 2016 Colheita de Inverno foi elaborado com a uva Syrah e possui uma
coloração avermelhada, quase um rubi pálido. Possui aromas intensos de frutas
vermelhas maduras, quase em compotas, morangos, framboesas e bala de tutti frutti.
Mais encorpado que a maioria dos rosés, apresenta boa acidez, é muito frutado e
com ótima persistência. Não é um vinho premiado, mas me surpreendeu e agradou
bastante.
O Syrah Maria Maria
Bia 2015 Colheita de Inverno apresenta aromas intensos de frutas negras,
tostado, cedro, pimenta negra e um toque de orégano. É encorpado, com taninos firmes
mas macios, equilibrados por uma boa acidez e final amplo. Um grande vinho que
não faz feio perto dos melhores exemplares do Rhône, berço da casta.
Mas a produção de
Minas não para por aí. Em Cordislândia, também no Sul de Minas, Na Fazenda do
Porto, especializada originalmente em café, leite e cavalos, foi fundada em
1980 a Luiz Porto Vinhos Finos, que produz hoje cerca de 50 mil litros de
vinhos finos por ano. Na fazenda são cultivadas Cabernet Franc, Cabernet
Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Syrah, Tempranillo, Chardonnay e Sauvignon Blanc
e são produzidos tintos, brancos e espumantes em duas linhas. A Dom de Minas,
linha de entrada com vinhos frutados e fáceis de beber, e a Luiz Porto, com
vinhos mais sofisticados e elaborados.
Em Três Corações é
produzido o vinho Primeira Estrada Syrah pela vinícola Estrada Real. Em
Andradas, a Casa Geraldo foi fundada a mais de trinta anos por descendentes de
imigrantes italianos. A ABN em Andrelândia, na Serra da Mantiqueira produz
Pinot Noir, Syrah, Cabernet Franc entre outras. E em Santana dos Montes, a
fazenda Guarará produz variedades como Merlot, Syrah, Cabernet Franc e
Tempranillo.
O
desenvolvimento da vitivinicultura em Minas se deve principalmente a um projeto
da Epamig, onde é oferecido suporte técnico aos produtores e à técnica de dupla
poda, desenvolvida pelo pesquisador Murillo Albuquerque Regina, que se baseia
em um manejo de podas diferenciado, invertendo o ciclo da videira. Desta forma,
as uvas serão colhidas no inverno, época do ano que o clima de Minas Gerais é
mais propício para a boa maturação das uvas. No ciclo normal, a maturação das uvas acontece no verão. Enfim, é o nosso famoso jeitinho
brasileiro mas que, nesse caso, rendeu ótimo frutos.Com persistência, amor e determinação podemos muito! Além disso, a bebida de Baco tem o dom de inspirar! Desejo ótimas taças de inspiração a todos e até um próximo texto! Cheers!
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