A Espanha é um país extenso, com muitas regiões vinícolas com características de solo e clima bem diferentes, o que contribui para uma grande diversidade de estilos de vinhos. Nesta publicação, vou falar sobre as principais regiões e também sobre alguns termos muito usados nos rótulos espanhóis.
Uma particularidade interessante sobre a legislação espanhola é que existem regras de rotulagem que identificam o tempo de envelhecimento do vinho em madeira e garrafa antes de ir para o mercado. Desta forma, podemos ter uma noção mais exata do estilo do vinho que estamos comprando. São quatro categorias definidas pela legislação, de acordo com o envelhecimento: Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva, sendo que a primeira passa por pouco ou nenhum envelhecimento e a última categoria a de maior longevidade e produzida apenas em anos excepcionais.
Rioja
Uma das duas regiões da Espanha que recebem o selo mais alto na hierarquia da legislação espanhola (DOCa), Rioja está situada no norte da Espanha, às margens do rio Ebro. A principal uva tinta é a Tempranillo, seguida pela Garnacha. Os vinhos tintos podem ser produzidos em estilos variados, podendo ser simples, frutados e de consumo imediato ou envelhecidos em madeira para adquirir complexidade e longevidade. A principal branca é a Viura e pode também ser vinificada em diversos estilos.
Navarra
Situada a norte de Rioja, se estende das margens do rio Ebro até o sope dos Pireneus. Aqui também a Tempranillo é a estrela tinta mas também a Garnacha, a Cabernet Sauvignon e a Merlot são utilizadas na produção de vinhos de estilos variados que incluem as quatro categorias de envelhecimento. Navarra tem grande tradição na produção de vinhos rosés refrescantes e frutados a partir da Garnacha. Já os brancos são produzidos em menor escala a partir da Viura, da Chardonnay e da Sauvignon Blanc.
Penedès
Apesar desta região, situada na Catalunha, também produzir vinhos tranquilos, ela é responsável pela maior produção de Cava do país. As principais castas utilizadas são a Macabeo (é a Viura de Rioja e Navarra que na Catalunha recebe outro nome), a Xarel-lo, a Parellada, a Garnacha e a Monastrell.
O Cava é o principal espumante espanhol. Apesar de poder ser produzido em várias regiões como Penedès, Navarra, Rioja e Valencia, possui uma legislação própria com regras bem específicas como a elaboração exclusivamente através do método tradicional, onde a segunda fermentação acontece dentro da própria garrafa, assim como em Champagne, devem amadurecer por, pelo menos, nove meses em contato com as leveduras utilizadas na segunda fermentação e utilizar apenas as castas permitidas. Geralmente, são espumantes de ótimo custo benefício.
Priorat
Também localizada na Catalunha, as melhores áreas do Priorat se beneficiam de um solo de ardósia vermelha com pequenas partículas de mica, chamado llicorella, que ajudam no amadurecimento das uvas por conservar e refletir o calor, além de oferecer ótima retenção de água, o que é muito importante na região devido ao seu clima seco.
Junto com Rioja, é a outra região espanhola que recebe o selo DOCa. A produção se concentra principalmente em vinhos tintos e as principais castas utilizadas são a Garnacha e a Cariñena. Os vinhos geralmente são encorpados, com muitos taninos, sabores concentrados de frutas negras e, em sua maioria, passam por madeira.
Os vinhos do Priorat, em sua maioria, possuem grande longevidade. O rótulo ao lado traz, além da região, com o seu selo da DOCa, o termo Crianza que significa que ele envelheceu por, pelo menos, dois anos antes de ser comercializado. Sendo que, durante esse período, ele teve um estágio de, no mínimo, seis meses em carvalho. Muitos vinicultores envelhecem os seus vinhos por mais tempo do que o mínimo exigido pela legislação.
Ribera del Duero
Situada no vale do rio Duero, esta região concentra a sua produção na elaboração de vinhos tintos, principalmente com a uva Tempranillo, e uma pequena quantidade de rosé elaborado com a Garnacha. Como nas demais regiões da Espanha, os tintos podem ser elaborados em estilos frutados e simples de consumo imediato ou encorpados, envelhecidos em madeira e com maior longevidade.
Toro
Esta região ficou muito conhecida pelos enófilos brasileiros graças ao Toro Loco, um vinho bastante comercial que se beneficiou de grande publicidade por parte de um grande site de vinhos. Mas Toro nos oferece bem mais. Situada próximo à Ribera del Duero, os vinhos são elaborados principalmente com a Tempranillo e, em sua maioria, são encorpados e com intensos sabores de fruta. Os vinhos elaborados para consumo imediato, podem apresentar uma proporção de Garnacha no corte. Brancos e rosés são produzidos em pequenas quantidades.
Rias Baixas
Situada na costa do oceano Atlântico, essa é a única região vinícola com clima úmido da Espanha. Apesar de ser permitida a elaboração de vinhos tintos nesta região, a produção se concentra principalmente nos brancos feitos com a casta Albariño. Em sua maioria, são elaborados em um estilo refrescante e sem madeira.
Existem outras regiões importantes na Espanha que, em uma outra oportunidade, espero poder comentar. No próximo texto, vou falar das regiões portuguesas e encerrar essa primeira série sobre regiões vinícolas. Uma ótima semana a todos e até a próxima publicação. Saúde!
Uma particularidade interessante sobre a legislação espanhola é que existem regras de rotulagem que identificam o tempo de envelhecimento do vinho em madeira e garrafa antes de ir para o mercado. Desta forma, podemos ter uma noção mais exata do estilo do vinho que estamos comprando. São quatro categorias definidas pela legislação, de acordo com o envelhecimento: Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva, sendo que a primeira passa por pouco ou nenhum envelhecimento e a última categoria a de maior longevidade e produzida apenas em anos excepcionais.
Rioja
Uma das duas regiões da Espanha que recebem o selo mais alto na hierarquia da legislação espanhola (DOCa), Rioja está situada no norte da Espanha, às margens do rio Ebro. A principal uva tinta é a Tempranillo, seguida pela Garnacha. Os vinhos tintos podem ser produzidos em estilos variados, podendo ser simples, frutados e de consumo imediato ou envelhecidos em madeira para adquirir complexidade e longevidade. A principal branca é a Viura e pode também ser vinificada em diversos estilos.
Navarra
Situada a norte de Rioja, se estende das margens do rio Ebro até o sope dos Pireneus. Aqui também a Tempranillo é a estrela tinta mas também a Garnacha, a Cabernet Sauvignon e a Merlot são utilizadas na produção de vinhos de estilos variados que incluem as quatro categorias de envelhecimento. Navarra tem grande tradição na produção de vinhos rosés refrescantes e frutados a partir da Garnacha. Já os brancos são produzidos em menor escala a partir da Viura, da Chardonnay e da Sauvignon Blanc.
Penedès
Apesar desta região, situada na Catalunha, também produzir vinhos tranquilos, ela é responsável pela maior produção de Cava do país. As principais castas utilizadas são a Macabeo (é a Viura de Rioja e Navarra que na Catalunha recebe outro nome), a Xarel-lo, a Parellada, a Garnacha e a Monastrell.
O Cava é o principal espumante espanhol. Apesar de poder ser produzido em várias regiões como Penedès, Navarra, Rioja e Valencia, possui uma legislação própria com regras bem específicas como a elaboração exclusivamente através do método tradicional, onde a segunda fermentação acontece dentro da própria garrafa, assim como em Champagne, devem amadurecer por, pelo menos, nove meses em contato com as leveduras utilizadas na segunda fermentação e utilizar apenas as castas permitidas. Geralmente, são espumantes de ótimo custo benefício.
Priorat
Também localizada na Catalunha, as melhores áreas do Priorat se beneficiam de um solo de ardósia vermelha com pequenas partículas de mica, chamado llicorella, que ajudam no amadurecimento das uvas por conservar e refletir o calor, além de oferecer ótima retenção de água, o que é muito importante na região devido ao seu clima seco.
Junto com Rioja, é a outra região espanhola que recebe o selo DOCa. A produção se concentra principalmente em vinhos tintos e as principais castas utilizadas são a Garnacha e a Cariñena. Os vinhos geralmente são encorpados, com muitos taninos, sabores concentrados de frutas negras e, em sua maioria, passam por madeira.
Os vinhos do Priorat, em sua maioria, possuem grande longevidade. O rótulo ao lado traz, além da região, com o seu selo da DOCa, o termo Crianza que significa que ele envelheceu por, pelo menos, dois anos antes de ser comercializado. Sendo que, durante esse período, ele teve um estágio de, no mínimo, seis meses em carvalho. Muitos vinicultores envelhecem os seus vinhos por mais tempo do que o mínimo exigido pela legislação.
Ribera del Duero
Situada no vale do rio Duero, esta região concentra a sua produção na elaboração de vinhos tintos, principalmente com a uva Tempranillo, e uma pequena quantidade de rosé elaborado com a Garnacha. Como nas demais regiões da Espanha, os tintos podem ser elaborados em estilos frutados e simples de consumo imediato ou encorpados, envelhecidos em madeira e com maior longevidade.
Toro
Esta região ficou muito conhecida pelos enófilos brasileiros graças ao Toro Loco, um vinho bastante comercial que se beneficiou de grande publicidade por parte de um grande site de vinhos. Mas Toro nos oferece bem mais. Situada próximo à Ribera del Duero, os vinhos são elaborados principalmente com a Tempranillo e, em sua maioria, são encorpados e com intensos sabores de fruta. Os vinhos elaborados para consumo imediato, podem apresentar uma proporção de Garnacha no corte. Brancos e rosés são produzidos em pequenas quantidades.
Rias Baixas
Situada na costa do oceano Atlântico, essa é a única região vinícola com clima úmido da Espanha. Apesar de ser permitida a elaboração de vinhos tintos nesta região, a produção se concentra principalmente nos brancos feitos com a casta Albariño. Em sua maioria, são elaborados em um estilo refrescante e sem madeira.
Existem outras regiões importantes na Espanha que, em uma outra oportunidade, espero poder comentar. No próximo texto, vou falar das regiões portuguesas e encerrar essa primeira série sobre regiões vinícolas. Uma ótima semana a todos e até a próxima publicação. Saúde!
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