Pular para o conteúdo principal

Principais regiões vinícolas de Portugal

  Apesar do pequeno tamanho, Portugal tem uma grande variedade de regiões vinícolas e de castas autóctones, o que propicia a elaboração de diferentes estilos de vinho. Uma particularidade é que, devido ao seu grande número de castas, a grande maioria dos vinhos são cortes de várias uvas. Portanto, os varietais, normalmente, virão com o nome da uva no rótulo. Mas cada região, devido à grande variedade de clima e solo deste pequeno país, possui castas próprias e estilos peculiares. Nesta publicação, vou falar um pouco sobre as suas principais regiões, castas e estilos de vinhos.


  Douro
  Sem dúvida, o Douro é a região mais conhecida de Portugal, graças ao seu famoso Vinho do Porto, um vinho fortificado, doce e de alto teor alcoólico. Conta-se que, no século XVIII, a Inglaterra importava grande quantidade de vinho de Portugal e, para que não se estragassem durante as longas viagens de navio, era adicionada aguardente vínica durante a fermentação. Assim surgiu o Vinho do Porto, que caiu no gosto não só dos ingleses mas de todo o mundo. Ao longo dos anos, as técnicas de produção foram se aprimorando e se diversificando, surgindo vários estilos de Porto, podendo ser um ótimo tema para uma futura publicação.

 Mas o Douro não produz apenas Vinho do Porto, sendo também um grande produtor de vinhos não fortificados, elaborados com as mesmas castas utilizadas na produção dos fortificados. A Touriga Nacional é uma variedade autóctone, de baixos rendimentos e alta qualidade e é a mais conhecida. Além dela, também são utilizadas a Touriga Franca, a Tinta Roriz (Tempranillo na Espanha), a Tinta Barroca e a Tinto Cão, para os vinhos tintos, que costumam ter muito corpo e taninos. A produção de vinhos brancos é menor devido às altas temperaturas da região.

   Vinho Verde
  Situada no Noroeste de Portugal, esta DOC, também bastante conhecida, está localizada na região do Minho. Apesar de existir uma pequena produção de tintos e rosés, o Vinho Verde clássico é branco, com alta acidez e nível baixo de álcool. São vinhos refrescantes, geralmente com ligeira efervescência, produzidos com castas locais como a Loureiro e a Arinto. A Alvarinho (Albariño na Espanha), cultivada na sub-região de Monção e Melgaço, produz varietais com mais corpo e álcool e um pouco mais de complexidade.

  Dão
  A região está localizada em uma área montanhosa com clima propício à produção de uvas de ótima qualidade. As principais castas utilizadas são a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, a Jaen e a Alfrocheiro. Os tintos, geralmente, são um pouco menos encorpados que os do Douro e com taninos suaves e alta acidez. Os brancos são feitos, principalmente, a partir da Encruzado e podem ser leves e frescos ou, quando fermentados em barril, ligeiramente mais encorpados e complexos.

  Bairrada
  Situada entre o Dão e o oceano Atlântico, é o lar da Baga, que ganhou esse nome graças aos seus pequenos bagos de casca grossa. É uma casta que deve ser muito bem trabalhada devido ao seu alto nível de taninos mas que pode produzir vinhos muito ricos, de personalidade e ótimo potencial de envelhecimento. Também são utilizadas, em menor proporção, as castas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Cabernet Sauvignon e Syrah. Para os brancos, são utilizadas, principalmente, duas castas autóctones, a Maria Gomes e a Bical. Geralmente, são vinhos leves e muito aromáticos.

   Alentejo
  Maior região vinícola de Portugal, o Alentejo está situado no sudeste e é dividido em oito sub-regiões com diferentes estilos de vinhos. As castas mais utilizadas são a Aragonês (outro nome para a Tempranillo) e a Trincadeira. Em menor proporção, são utilizadas a Alicante Bouschet, a Touriga Nacional e a Syrah. São, geralmente, vinhos encorpados, com muitos taninos e sabores frutados bem expressivos. Para os vinhos brancos, as principais variedades são a Arinto, a Antão Vaz e a Roupeiro, podendo ser vinhos frutados, florais e de acidez média, ou passar por madeira e adquirir um pouco mais de corpo e complexidade.

  Além das castas mais utilizadas, todas as regiões de Portugal, possuem castas autóctones pouco conhecidas como a Tinta Grossa, quase extinta. Esse varietal alentejano foi rotulado com o nome da casta, a DOC Alentejo e a sub-região de Vidigueira.
No Alentejo, além da DOC, muitos rótulos recebem a denominação de Vinho Regional Alentejano. São vinhos que não passam por normas de vinificação tão estritas, onde se pode usar maior variedade de castas internacionais e, em geral, apresentam menos corpo, taninos macios e bom custo benefício.    

  No texto de hoje, encerro a série de principais regiões vinícolas do Velho Mundo. É importante falar que o Velho Mundo não se restringe a estes quatro países, sendo a Alemanha, a Hungria, a Áustria, a Grécia, entre outros, países com tradição vitivinícola. Mas, para diversificar o assunto, deixarei para falar a respeito em uma outra oportunidade. Agora vou buscar inspiração em uma taça de vinho para encontrar um tema bem interessante para a próxima publicação. Boa semana a todos e até o próximo texto. Tim tim!



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Outras cinco curiosidades sobre videiras, uvas e vinhos

  Conforme prometido na publicação anterior, hoje vou falar sobre mais cinco curiosidades do mundo dos vinhos. Para manter uma sequência na leitura, no texto anterior falei sobre origens e produção e hoje vou falar de curiosidades sobre as videiras, envelhecimento do vinho, degustação e benefícios da bebida dos deuses à nossa saúde.   6- Tipos de uvas próprias para a produção do vinho   Existem cerca de 1000 espécies da Vitis Vinífera, videiras que produzem uvas próprias para a produção de vinhos, mas apenas cerca de 50 espécies são mais utilizadas e difundidas pelo mundo. Entre as castas mais conhecidas podemos citar:  Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Malbec, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, entre outras.   Muitas são castas autóctones e são produzidas apenas na sua região de origem. Portugal, apesar do seu pequeno tamanho, é um dos países com maior número de castas autóctones, sendo contabilizadas cerca de 300 castas. Além da grande diversidade, os portugueses são muito c

Diamantina - Terra de vinhos, queijos e a famosa hospitalidade mineira.

   Recentemente, passei por belas experiências de aprendizado em vinícolas, algumas distantes e outras bem pertinho daqui. Estas viagens vão render muito assunto pra matérias aqui no Vinho às Claras. Como sou uma entusiasta dos vinhos nacionais, resolvi começar falando da última viagem, realizada a pouco mais de uma semana para uma cidade bem próxima, a apenas 296 km de Belo Horizonte, Diamantina.    A algum tempo atrás, publiquei um artigo falando sobre os vinhos de Minas e a técnica da dupla poda. Agora tive a oportunidade de visitar e ver pessoalmente o trabalho desenvolvido por vinícolas mineiras e posso afirmar que é apaixonante testemunhar o amor e o empenho envolvido na produção dos nossos vinhos.    A viagem foi organizada pelas queridas Vanessa e Eveline, criadoras da confraria feminina Luluvinhas. No último dia 03, eu e mais 18 Lulus saímos de BH para conhecer a produção de vinhos e queijos da região. No dia seguinte, tínhamos programadas visitas à Vinícola Campo Alegre, pe

Os aromas do vinho

   Todo enófilo que se preze sabe que, para se desfrutar ao máximo das sensações que o vinho pode nos proporcionar, a taça deve ser girada para a maior liberação dos aromas presentes na bebida dos Deuses. O que muitos não sabem é que estes aromas podem nos ajudar muito a identificar não apenas o tipo de uva utilizada na produção daquele vinho, como também algumas técnicas utilizadas no processo de vinificação e até mesmo a idade do vinho.    Durante a análise olfativa, podemos identificar três grupos de aromas, os primários, os secundários e os terciários. Os aromas primários são aqueles existentes no vinho que acabou de ser fermentado e podem ser próprios da uva ou originados do processo de fermentação. Em sua maioria, são aromas frutados, como as frutas cítricas, o pêssego e a maçã verde nos vinhos brancos e o morango, a ameixa e a framboesa em vinhos tintos. Em regiões muito quentes, onde a uva amadurece muito rápido, podemos sentir aromas de frutas cozidas ou secas. Algumas uvas t